terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Coisinhas pequeninas.

O Neil Pasricha passou por uma fase menos agradável na vida e, para se entreter, criou um blogue: 1000awesomethings.com. E depois lançou um livro com o conteúdo do blogue. E depois começou a dar palestras sobre felicidade.  Sim, o rapaz que começou o blogue, em primeira instância, por estar deprimido. Duas coisas a reter; um, fake it until you make it, que é também o meu cliché favorito, de momento, e tão verdadeiro como todos os outros clichés que conheço; dois, a importância das pequenas coisas: aquelas quase ridículas que às vezes nem notamos, ou notamos mas não valorizamos, ou valorizamos mas não lembramos. Uma lista de coisas boas é uma boa lista. E muitas vezes não é preciso mais que um pequeno sorriso para nos mudar o dia. 
Conheci esta história há uns dias, entre um conjunto de TEDs que tinha para ver, e guardei-a. Havia de chegar o dia em que me apeteceria falar dela e fazer a minha própria lista de (pequenas) coisas fantásticas. Tinha que ser um dia especialmente mau, por um motivo ou outro, porque entendo pelo histórico que é essa a primeira inspiração, se a necessidade provoca inspiração. Chegou o dia, e eis a minha lista, em primeira mão. Há-de ser espontânea porque não pensei nela antes, e é por isso que há-de ser verdadeira.

Ver o rio, todos os dias, a caminho do trabalho. O primeiro semáforo da ribeira das naus, um cigarro e a smooth fm alto e bom som. Quando está sol, sempre que está sol, tiro uma fotografia e termino os filtros no último semáforo do terreiro do paço.
Contar a toda a gente que fui ao ginásio antes do trabalho. Vale quase tanto como, de facto, conseguir ir ao ginásio antes do trabalho.
Abrir uma garrafa de vinho e passar a madrugada a ver séries no sofá.
Música: há músicas que me fazem sempre sorrir. My Way. Imagine. Tantas. Principalmente quando não as espero, fazem-me sempre sorrir.
Os abraços, qualquer abraço desejado.
Adormecer a ler.
Acordar de um sonho bom, voltar a adormecer, e continuar a sonhar: com o mesmo.
Comer uma tablete de chocolate, inteira, chocolate com amêndoas. Ou colheres de sopa de Nutella. Sem culpa.
Passar o Domingo de pijama.
Bebés. Pegar-lhes ao colo, fazê-los rir, adormecê-los. Todos os bebés.
Uma tarde de confidências com as amigas.
O último check, na última tarefa do dia.
Dançar uma noite inteira, tanto que doem os pés e mal consigo subir as escadas de casa.
Estacionar em frente a casa, durante a semana, quando chego do trabalho. (Só entende quem mora no centro de Lisboa, sem garagem.)
Ir ao cinema, com pipocas e snickers que duram a primeira parte inteira.
Encontrar dinheiro em bolsos de casacos guardados.
Quando percebem que emagreci.
Beijos nas bochechas.
Fazer planos. Ainda que impensáveis, irrealizáveis, fazer planos é a primeira das satisfações.
O reconhecimento no trabalho. A palmadinha nas costas.
Rir, rir sem motivo durante horas, rir por rir, por ver rir, por fazer rir.
Fazer pequenos almoços enormes e ficar a comer e a conversar até à hora de almoço.
Passear de mão dada.
Praia de inverno. Correr na areia, de botas, com sol e frio.
Uma tarde de cocktails numa esplanada.
Encontrar os ferrero rocher que escondo no Natal. E comer todos.
Conseguir arrumar a casa. E a roupa. Toda! E perceber que está tudo feito e que não poderia fazer mais nada e que portanto mereço descansar.
Quebrar paradigmas, a mim e aos outros.
Pintar as unhas à noite e acordar sem marcas dos lençóis.
Coincidências.
Filmes que fazem chorar, de tão bonitos. É quando começamos a sentir arranhar na garganta que sabemos que aquelas duas horas valeram a pena.
Comer castanhas na Baixa no primeiro dia de frio.
Clichés. Sim, clichés.
Conhecer pessoas. Não à primeira, mas conhecer mesmo. Quando chega aquele momento em que, de facto, se conhece alguém. 
Conduzir, por conduzir, sem destino. Parar quando me apetece parar e ir conduzindo, por aí.
A inspiração para escrever.
Acordar com o sol a brilhar lá fora.
Almoçar fora.
O dia em que recebo o ordenado e vejo o meu saldo corrente a quatro dígitos. Normalmente é só um dia. Mas vale a pena.
Ler o expresso sentada na Estrela, num banco de jardim, uma manhã inteira de Verão. 
Café com gelo e limão.
Andar à chuva, quando chove tanto que só se pode desistir de evitar apanhar uma molha... e a molha nos diverte.
Mimo. Muito mimo. Sentir-me pequenina, de tanto mimo.
Um sábado inteiro de compras. Quando chegam os saldos.
O Natal! O Ano Novo! O São Valentim! O meu aniversário!  O Dia da Mulher! Todas as datas que possam ser comemoradas.
Surpresas.
Um restaurante novo.
Sobremesas.
Dançar no carro ao som da Cidade no final do dia.
A areia no carro depois de um fim de semana  de praia.
O cheiro da roupa lavada.
Poesia, da boa. Pessoa. 
Recordar, acompanhada.
Sessões de fotografias, muitas fotografias, e chegar a casa e ver todas durante horas.
... ... ...

E sinto que podia continuar indefinidamente. Escrever um livro, até, talvez. E estas coisinhas pequenas, pequeninas, estes clichés, hábitos, satisfações, pequenas sortes... apenas saber que fazem parte de mim e da minha vida, apenas escrevê-las, tornou-me hoje, agora, bem mais feliz.

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