O que me assusta é o Zé, que ficou desempregado, deixou a
mulher e os filhos para não ser um estorvo, dorme num armazém abandonado por aí
e tudo o que pediu foram meias. Lavadas, das fofinhas.
Na verdade, assusta-me esse desespero - esse desespero a sério, que não tem a ver com aquilo que queremos e não podemos ter. Ainda. O
que me assusta é o que não queremos. Quando não queremos. Quando já não
queremos o que quer que seja porque já não nos desespera o querer, o querer querer alguma coisa mais. O Zé não
quer, e há muitos como ele. Isso assusta-me.
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